Chucrute à húngara

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Desde minha viagem a Budapeste (veja Sal & Alho viaja) fiquei devendo a receita do chucrute que comi e aprendi a fazer com a minha guia de turismo e amiga Timea, pessoa da maior simpatia e competência, nascida e criada em Budapeste. Mas neste blog, vocês já sabem, é diferente dos outros, pois aqui só publicamos o que nós mesmas escolhemos os ingredientes, fizemos, fotografamos, comemos, comentamos e escrevemos o passo-a-passo, nesta ordem. Ainda bem que tudo o que fizemos ficou uma delícia, está dando para publicar uma receita por dia desde o início do blog, em 26 de novembro, pois se assim não fosse, teríamos que repetir e vocês não teriam tantas receitas ( já são mais de 180!)

Timea me contou que quando era criança, nos anos negros da dominação comunista no seu país, havia extrema carência de gêneros alimentícios para a população. Comiam o que plantavam e o que conseguiam obter por meio de trocas. Repolho sempre foi um vegetal comum por aquelas bandas, arroz se conseguia um pouquinho, e quando se obtinha alguma carne, que por aqui neste imenso Brasil com o maior rebanho bovino do mundo chamamos de carne de terceira, era festa: fazia-se chucrute no domingo! Então vamos à receita, tal como ela me explicou e testamos. Na verdade, é um prato que se fazia na minha casa, com a diferença que, à húngara, tem muita, mas muita páprica mesmo. Aqui, diminuímos a quantidade deste tempero para adaptar a receita ao nosso paladar.

Chucrute à moda húngara

Para 2 pessoas: 6 folhas grandes de repolho, 1 cebola, 1 xicara de chá de arroz semicozido, a mesma quantidade de carne moída, 2 colheres de sopa de molho de tomate, sal e alho, pimenta e páprica doce.

Tome um repolho e desfolhe-o. Escolha 3 folhas grandes por pessoa. Lave e escorra. Leve ao fogo com pouquinha água só para amaciar a folha. Corte a parte dura e grossa do talo central. Corte com uma faca as beiradas das folhas para que fiquem retangulares. Pique em fatias finas estas sobras. Pique também, em rodelas, uma quantidade de cebola equivalente à metade do repolho cortado e misture. Moa a carne, ou compre moída (chã, alcatra ou patinho). Peça para moer duas vezes. Faça um temperinho com sal, alho, pimenta do reino e páprica doce. Tempere a carne na proporção de 1 colher de café para cada 200 gr. de carne. Pique cebola e cheiro verde miudinho. Misture com a carne. Misture arroz e carne em partes iguais. Com a ajuda de uma colher, recheie as folhas do repolho com esta mistura.Comece colocando uma colherada sobre a folha, enrole com a folha aberta. No meio da folha, dobre as beiradas para dentro e continue enrolando até fechar.

Disponha , em uma panela grande, o repolho e a cebola picados em rodelas e salpique molho de tomate (resolvi usar molho para substituir a páprica, pois à maneira húngara é muito forte). Por cima, salpique sal e páprica. Coloque por cima os rolinhos bem arrumados.

Cubra com água fervente. Tampe a panela, abaixe o fogo e deixe que os rolinhos cozinharem até, que espetando um garfo, verificar que estão macios. Coloque os rolinhos em uma travessa com o repolho picado por baixo, os rolinhos no meio e mais repolho picado por cima. Sirva bem quente.

 Voltando à Hungria, o chucrute é considerado um dos pratos típicos mais importantes, ao lado do goulash. Durante séculos foi um dos pratos de sustentação da população. Será que os húngaros ficavam bem nutridos?

Considerando que o chucrute tem repolho, carne e arroz, podemos analisar suas propriedades tomando por base estes alimentos.

O repolho contem quantidades significativas de glutamina e polifenóis, o que contribui para que seja um alimento com propriedades anti-inflamatórias.

O arroz é rico em carboidratos e tem baixo teor de gordura. Excelente fonte de vitaminas do complexo B (B1, B2 e B3), contém minerais como fósforo, indicado para fortalecimento de ossos e nutrição cerebral e magnésio, que favorece a atividade muscular. Além disso, possui alta concentração de metionina, um aminoácido essencial, ou seja, aquele que o organismo humano não é capaz de sintetizar.

A carne bovina é o alimento que contém maior quantidade de ferro, micronutriente muito importante na prevenção ou combate da anemia perniciosa. Além disto, o ferro é fundamental na formação da hemoglobina, molécula indispensável no transporte de oxigênio dos pulmões para os tecidos. Além disso, os produtos de origem animal apresentam todas as vitaminas lipossolúveis (A, D, E e K) e as hidrossolúveis do complexo B. O mérito da carne bovina é a alta concentração e biodisponibilidade de vitaminas do complexo B, em especial a B12. A deficiência de B12 na alimentação apresenta como primeiros sintomas outro tipo de anemia, a anemia megaloblástica.

O Crucrute à moda húngara é também um alimento com baixo valor calórico

Quantidade de calorias por porção (1 pessoa ou 3 rolinhos): 216

Quantidade de gramas por porção: 323 (cru)

Ingredientes Quantidade Corte Gramas Calorias
Repolho 3 folhas grandes Ver receita 150 24
Arroz semicozido 1 xícara de café 35 42
Carne 1 xícara de café Moída 60 120
Cebola ½ unidade Ver receita 78 30

Nossa consultora: nutricionista Letícia Menicucci.

Quer esta receita impressa? Clique aqui para baixar o PDF e imprimí-lo.

Pastelaria tradicional da Europa Central

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Hoje vamos dar destaque para os pães e biscoitos ( seria nossa tradução) mais populares nos países da Europa Central, como Hungria, Eslováquia, República Tcheca, Áustria e Alemanha, por onde o blog Sal & Alho está dando uma voltinha por estes dias. No próximo domingo será a Páscoa e as ruas e praças estão cheias de turistas e famílias locais aproveitando os dias de feriado. Estas fotos foram tiradas em Praga, na famosa praça do relógio astronômico no centro histórico. Com alguma dificuldade, pois é difícil conseguir alguém que fale inglês e que ainda tenha tempo e paciência para conversar com turista blogueira e curiosa, obtive alguma informação.

Trdelnik

Este nome me intrigou, pois não consegui pronunciá-lo! Trata-se de um biscoitão fofo, em forma de anel, oco por dentro. Tem gosto bem próximo ao nosso conhecido “sonho” ou “biscoito de chuva”. É originário da cidadezinha de Skalica, hoje situada em território da República Tcheca mas que já foi húngara. O nome tem a ver com estaca de madeira. Faz-se a massa ( que a mulher não quis me dar a receita) e com ela são feitos rolos ( igual gnocchi) que são enrolados em torno de um pedaço de pau. Leva-se a uma grelha igual de churrasqueira para assar, enquanto gira-se de um lado e outro. Depois polvilha-se com açucar. Pode-se misturar farelo de nozes ao açucar. Por mais o equivalente a 1 euro é possível pedir para passar nutella ou outro creme na parte de dentro. Delicioso, mas faz uma melança para comer!

Alpenbrod, ou pão dos Alpes

É muito tradicional e comum este tipo de pão em toda a região, porém é proveniente dos Alpes, do qual leva o nome. Segundo a minha guia local, que me passou a receita, é muito fácil de ser feito. Só tem um segredo: é preciso ser bem guardado, em uma lata, por exemplo, para não endurecer. Tente fazer: para 1/2 quilo de farinha, junte 250 gr. de manteiga e a mesma quantidade de açucar. Misture, acrescente 2 ovos e 1 colher de café de fermento biológico seco. Misture tudo em um processador. Tire e sove a massa até dar consistencia de enrolar. Deixe a massa descansar por meia hora. Aqueça o forno a 180 graus. Forre uma assadeira com papel manteiga. Faça 6 rolinhos com a massa e coloque-os de comprido na forma. Asse por 10 a 15 minutos, até corar. Ainda quente, polvilhe com açucar e corte na diagonal de 2 em 2 cm.

 Pretzel

Sua origem data da Idade Média, dizem que foi inventado por um monge que os dava de presente às crianças que aprendiam as orações. Há várias versões da história mas sempre ligada às tradições religiosas. Pretzel não equivale a uma determinada receita, é a forma do pão ou do biscoito. No formato original, tem a forma de um coração em que as linhas que fazem o “V” descem cruzando e enlaçam as laterais, dando a forma de um coração que abraça. Bonito, não é? Conforme a região é feito de outras formas, como a da foto, que tem um enrolado no meio. É tradição oferecer pretzel no café da manhã no dia da Páscoa.

Outra tradição de Páscoa, principalmente entre namorados e de pais para filhos é oferecer um coração de chocolate com o nome da pessoa amada.

No próximo post vou contar a história húngara dos ovos de Páscoa. Bem divertida, aguarde!

 

 

 

 

Chucrute à moda húngara

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A maneira de se fazer o chucrute aqui na Hungria é bem diferente da moda alemã. Parece ( ou será igual?) com o charuto da culinária árabe. Os húngaros são os únicos povos da Europa Central com etnia diferente da germânica e da eslava. São descendentes de povos nômades da Ásia, talvez venha daí parte de suas tradições culinárias. Minha nova amiga Timea, nascida e criada em Budapeste, foi quem me explicou como fazer o chucrute, que é, depois do goulash, uma das receitas mais populares e apreciadas por aqui. Vou passar para vocês a receita dela, porém vou fazer em casa logo que voltar. Se necessário for, retorno e dou mais uns toques.

Chucrute à moda húngara

A receita é feita com arroz, carne, repolho, sal, páprica e pimenta do reino. Calcule 2 a 3, digamos, trouxinhas, para cada pessoa e para cada uma considere 1 folha grande de repolho , uma colher de sobremesa de arroz cru e a mesma quantidade de carne moída, também crua. O arroz é misturado com a carne e temperado com uma pitadinha de sal, outra de páprica e outra de pimenta do reino preta. Amassando com as mãos, faça um bolinho com estes ingredientes e coloque-o no centro da folha de repolho, também crua. Enrole com firmeza e depois dobre as laterais para dentro, apertando e moldando a trouxinha. Agora corte o restante do repolho em tiras finas, como se corta couve. Corte também cebolas brancas em fatias, pique e reserve a cebolinha verde.

A maneira certa é colocar as trouxinhas, com o repolho e a cebola picados por cima, acrescentando um pouco de água, a conta de cobri-las, em uma panela grande, de preferência de barro, como é o tradicional na Hungria, e deixar que cozinhe por 2 horas, pingando água quente, sempre que necessário, até que as trouxinhas fiquem macias e cozidas. No final, salpique mais um pouco da cebola branca fatiada e, por último, a cebolinha verde. Por minha conta, se você não tiver paciência de ficar tomando conta de panela por 2 longas horas, experimente cozinhar no forno.

Como o recheio fica avermelhado, perguntei se a receita levava molho de tomate. Originalmente não leva, a cor ferrugem é devido à páprica.

 

Comida de rua em Budapeste

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Tarde de sábado de céu azul e temperatura fresca em Budapeste, capital da Hungria. Oba! Feira de comida na rua, barraquinhas, comidas e bebidas típicas a ótimos preços, feitas no maior capricho e deliciosas. Por todo lado, gente bonita e alegre aproveitando o início de primavera e tomando cerveja em canecos enormes! Saí fotografando tudo a fim de mostrar para vocês. Vamos lá, de 3 em 3 fotos. Clique nas fotos para ver o texto de cada uma.

A primeira receita seria a do Goulash, que aqui se chama sopa de Goulash ( pronuncia-se goyash). Esta já saiu no blog. Tem diferenças: a sopa tem muito mais caldo, vem temperada com muita páprica e leva batatas e cenouras. Fazem assim para render mais, pois carne aqui é muito cara e este é um prato bem popular.

A carne de porco é vista em todo lugar, na brasa assam pernil e joelho de porco ( primeira foto) e na chapa fritam embutidos (quinta foto), que apresentam muitas variedades; alguns, tipo salaminho, são comidos crus.

O Pato ao molho de laranja (segunda foto) é delicioso. Este você já pode fazer com receitas que já demos. Veja dica de como cozinhar pato e confira a receita do frango ao molho de laranja. Depois que o pato estiver cozido, siga a mesma receita do frango.

Esta maneira de se fazer batata (que está na terceira foto) é muito boa para acompanhar carnes assadas na brasa. Parece com a Salada de batatas quentes, só que é feita na chapa, por partes. Em uma chapa fritam a cebola cortada em quatro. Na outra, fritam as batatas cortadas e no final jogam por cima bastante cebolinha verde picada. Misturam as cebolas e as batatas com a linguiça, que por sua vez, também já foi frita em outra chapa. Em algumas barracas vi colocarem tomates cortados em quatro sem as sementes, que são fritos junto com as cebolas depois que estas já começaram a corar. Temperam com sal, páprica (sempre doce) em pó e pimenta do reino negra também em pó.

Nas barraquinhas vendem ainda queijos de muitas qualidades e procedências; pães, bolos e biscoitões; uma grande variedade de geléias e de temperinhos com ervas, mel natural, chocolates e outros produtos artesanais, como sabonetes. Já estamos às vésperas da Páscoa: vi lindos ovos, tanto os de verdade pintados à mãos quanto os de chocolate. Difícil resistir!