No final da década de 1960, Belo Horizonte ainda contava com poucos restaurantes ( hoje são 18,6 mil estabelecimentos de alimentação fora do lar! ). Diferente de hoje, quando tudo acontece na rua, aniversários e outra datas importantes eram comemorados em casa. Em alguma data especial, quando se convidava gente fina para um jantar alinhado, o chique era servir strogonoff de filé. Conta a lenda que foi inventado por um russo, o Conde Stragonoff, que criou a receita original à base de picadinho de carne com creme de natas e tomates.
Pouca gente sabia prepará-lo tão bem como era servido no saudoso Chez Bastião, durante muito tempo o mais tradicional bar e restaurante da cidade, inaugurado em 1965, onde o strogonoff se tornou o prato mais tradicional do cardápio. No final da década de 1970, quando eu já tinha idade suficiente para frequentar um restaurante à noite, o Chez passou a ser o meu local favorito, só por causa do strogonoff. Por mais que eu pedisse, nunca deram a menor dica da receita; pois não sosseguei enquanto não preparei o prato tal e qual era lá servido. Então aqui vai a receita, que não é a original nem do Conde nem do Chez mas, com certeza, passa bem perto.
Strogonoff de filé
Na verdade esta receita pode ser feita com qualquer carne de boi, mas a receita do Chez Bastião era com filé de primeira qualidade. O segredo – preste atenção que isto é essencial – é cortar a carne da maneira certa. Veja Dica- como cortar um filé.
Considere 200 gr. de filé por pessoa, logo, um filé médio de 2 quilos dá para 10 pessoas. Aqui vamos considerar que você já aproveitou a parte do meio do filé para fazer outras receitas, como medalhão ou rosbife e que deixou as pontas para fazer o strogonoff. Vamos considerar então uma receita para 4 pessoas. Além da carne vai precisar de 1 cebola, 2 colheres de sopa de molho de tomates, 1 colher de sobremesa de ketchup, ½ xícara de café de vodka e 1 xícara de café de creme de leite.
Corte a carne em bifes de 1 cm, depois torne a cortar os bifes em tiras no sentido contrário. Faça uma mistura de sal e alho triturado, gotas de molho inglês, uma pitada de páprica doce, outra de pimenta do reino e folhas de louro. Acrescente um pouquinho de água para fazer uma salmoura. Coloque a carne no tempero por 15 minutos a ½ hora. Rale a cebola e reserve.
Coloque uma colher de sopa de óleo na panela e deixe que fique bem quente. Escorra a carne do tempero e coloque para fritar. Revire de um lado e outro até que fique corada. Ponha água para esquentar em um caneco à parte. Agora flambe a carne: esquente a vodka em uma concha sobre a trempe do fogão e assim que pegar fogo na bebida, deite-a sobre a carne. Cuidado, pois a chama pode ficar alta. Assim que o fogo apagar sozinho, coloque mais um pouquinho de óleo e frite a cebola no meio da panela, tomando cuidado para que a borra da carne não fique preta. Junte o molho de tomates e misture para que frite também. Acrescente devagar a água quente pela beiradas da panela, a conta de quase cobrir a carne, raspando bem, com uma colher de pau, o fundo e as beiradas para que toda a borra se incorpore ao caldo. Abaixe o fogo e espere que a carne fique bem macia. Ao final do cozimento, o caldo deve ficar a conta de quase cobrir a carne. Acrescente o ketchup e prove o tempero. Se o cozimento tiver sido feito corretamente, não precisa engrossar o caldo com farinha de trigo, mas se ficar ralo, tire um pouco do caldo, misture à parte com uma colher de sobremesa rasa de farinha de trigo já torrada e volte com a mistura para a panela. Misture bem até começar a ferver. Na hora de servir, acrescente o creme de leite e misture. Assim que começar a ferver, desligue. Está pronto!
Sirva com arroz branco e batatas douradas.
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