O feijão do tropeiro

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Duas preparações de feijão à mineira em seguida? Exato, pois são duas variações para acompanhar o lombo à mineira, que já está temperado e vai para o blog amanhã. Também fazem parte da mesma história!

Quando, no século 17, as Entradas e Bandeiras subiram as montanhas de Minas à procura de ouro, esmeraldas e diamantes, precisaram levar uma carga bem variada e pesada, que eram não só suas ferramentas de trabalho como barracas, cobertas, vestuário e mantimentos.  Quem fazia este serviço, comandando a tropa de escravos, conduzindo as mulas de carga e pequenos animais como galinhas e porcos eram os chamados tropeiros. Em geral, estes homens mestiços de confiança do patrão bandeirante eram quem conduzia e dava ordens à tropa.

Os primeiros bandeirantes exploravam o ouro de aluvião, ou seja, o que era coletado com bateias nas águas rasas de riachos. Assim que as pepitas de ouro começavam a escassear em um determinado ponto, os homens desmontavam  tudo e subiam rio acima, ou então procuravam outro veios. Desta forma, ficavam de 2 a 4 meses em um mesmo local. Assim que escolhiam onde montar novo acampamento, plantavam vegetais como feijão, couve, cebola, alho e ervas, que podiam ser colhidos em pouco tempo e também montavam o cercado para criar galinhas e porcos. A mandioca era nativa e fácil de secar e socar para virar farinha e ser guardada. Assim, tinham sempre à mão feijão, farinha e ovos. Quando um porco era abatido, comiam a carne, faziam linguiça com as tripas e miúdos e guardavam o que restava em latas com banha.  A comida de sustança da tropa no domingo, que além do feijão diário tinha direito aos restos da carne de porco consumida pelos patrões, era chamado de feijão do tropeiro. Hoje, é um prato tradicional preparado maravilhosamente nos restaurantes das cidades históricas de Minas Gerais. Você pode fazê-lo em casa!

Feijão tropeiro

O melhor feijão para este prato é o roxinho, por ter os bagos mais firmes. Vai precisar de bacon, cebola, linguiça e/ou pedaços de carne de porco, farinha de mandioca, ovos e ervas, como salsinha e cebolinha. Há quem misture ou adorne com couve e torresmo. Uma boa pimentinha é indispensável.

Para 4 pessoas separe ½ kg ou 2 xícaras de chá bem cheias de feijão. Coloque de molho na água de véspera para facilitar o cozimento. Atenção: cuidado para não cozinhar demais o feijão, os bagos precisam ficar ainda um pouco duros.

Corte o bacon ( 1 colher de sopa), a cebola ( 2 colheres de sopa), os pedaços de linguiça e de carne, do tamanho que caibam na boca sem precisar partir no prato. Pique a salsinha e a cebolinha. Separe 2 a 3 ovos.

Muita gente faz este feijão misturando tudo na panela, afirmo que não vai prestar, pois vira uma maçaroca.  É preciso que seja feito em 3 panelas. Na primeira panela, frite o bacon, a cebola e o sal com alho. Escorra bem o feijão do caldo e frite os bagos com cuidado para não parti-los. Misture então 1 a 2 colheres de farinha de mandioca. Se ficar seco, ponha um fio de azeite ou um pouco de manteiga. Na segunda panela, esquente ou frite a linguiça e/ou a carne de porco. Na terceira panela, frite os ovos, já misturados ligeiramente, no óleo ou na manteiga, salpique o sal e assim que endurecer, corte-o em pedaços grandes. Agora misture as carnes e depois os ovos ao feijão, com cuidado para não ficar pastoso. Prove o sal e a pimenta, acrescente o cheiro verde e sirva quente.  Acompanha couve e arroz.

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