Carbonade Flamande 

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O pais à noroeste da Europa hoje conhecido como Bélgica, é vizinho da França, da Alemanha e da Holanda.  Na antiguidade, foi habitado por povos celtas e germânicos – cuja tribo dos francos invadiu a região e a colonizou. É uma federação composta por três regiões políticas distintas – ao sul fica a Valônia ( habitada pelos belgas de língua francesa), ao norte a região de Flanders ( habitada pelos flamencos) e, inserida nesta última como um enclave bilingue, a terceira – a região metropolitana da capital  Bruxelas. Hoje a cidade conta com imigrantes de todo o mundo, tendo sido escolhida como sede da Comunidade Europeia. Composta por 19 comunas, tem uma população urbana de pouco mais de 1 milhão de habitantes, formando, junto com sua periferia, uma grande mancha urbana com cerca de 1,8 milhão de pessoas.

Naturalmente, sua gastronomia sofre profunda influência francesa e também algo da culinária alemã, não esquecendo a popularidade da culinária italiana e, mais recentemente, a influência do fast-food americano e das comidas típicas de seu vasto contingente de imigrantes, sobretudo marroquinos e paquistaneses. Pois neste caldeirão gastronômico, resolvemos pesquisar qual poderia ser eleito o prato típico do país. Tarefa difícil, mas nos chamou a atenção a frequencia com que um prato de nome Carbonade Flamande estava presente na maioria dos cardápios dos restaurantes de comida que poderia ser chamada de belga. Traduzindo, é uma preparação de carne de origem flamenca antigamente feita sobre carvão, ou seja, cozida. Pedi o prato em três restaurantes diferentes e em cada um foi apresentada de um jeito diferente. Recorri aos livros tradicionais de receitas e, enfim, cheguei ao que pode ser o mais perto possível da receita tradicional. Testamos com todo o empenho e carinho e, sem falsa modéstia, ficou muito mais gostoso que nos restaurantes. Aqui vai a receita:

Carbonade Flamande

Para 4 pessoas compre ou separe os seguintes ingredientes: 400 gr. de carne de boi para cozinhar (no Brasil, escolha patinho ou chã-de-dentro). Para temperar a carne:  1 colher de sobremesa rasa de sal com alho, 1 pitada de pimenta do reino e 2 a 3 folhas de louro. Para o cozimento da carne: 3 colheres de sopa de azeite, 1 colher de sopa cheia de bacon picadinho, 1 a 2 cebolas, 1 a 2 cenouras, 2 colheres de sopa de molho de tomate (ou passata), 1 colher de sopa de mostarda Dijon em grão (já preparada), 1 colher de sobremesa de molho inglês, 1 garrafinha de 330 ml de cerveja artesanal loura de dupla fermentação – aqui na Bélgica eu usei a Leffe.

Corte a carne em cubos e tempere-a de véspera.

Em uma panela funda, deixe o azeite esquentar e frite a carne (no fogo alto) até ficar bem coradinha. À parte, ponha água para esquentar.

Junte o bacon e deixe fritar junto com a carne. Abaixe o fogo. Acrescente a cebola picada em fatias finas. Deixe dourar. Se precisar, para não queimar a cebola, pingue um pouquinho de água quente. Junte a cenoura cortada em juliana (lascas finas e regulares). Acrescente imediatamente água fervente, pelas laterais da panela – sem deixar cair sobre a carne – até a cobrir parcialmente. Tempere o caldo com o molho de tomate, a mostarda em grão, o molho inglês e a pimenta do reino. Prove o sal.

No fogo baixo, com a panela semi tampada, deixe que o caldo seque até a metade do nível da carne. Neste ponto, a carne já deve estar quase cozida. Se não estiver, junte mais água fervente e deixe a carne amaciar. Acrescente então a cerveja e deixe que a carne acabe de cozinhar. Se precisar, junte mais água, sempre quente. Prove, retifique o tempero. Se já tiver desaparecido o gosto de cerveja e a carne estiver bem macia, está pronto!

Sirva com batatas cozidas com casca e temperadas com uma pitada de sal e pimenta do reino – uma por pessoa.

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Galeto na cerveja

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Na minha cidade, Belo Horizonte, se você quiser comer um galeto, há duas opções: procura-se um restaurante de shopping (porém, há muitos anos não vejo galeto no menu) ou uma “televisão de cachorro” da padaria de bairro ( raramente tem e são, na verdade, frangos). Aqui nos supermercados europeus é fácil achar galetinhos tenros. Se em Minas há tantos avicultores, porque não vendem galetos? Não entendo…Bem, vou aproveitar que estou em Bruxelas e preparar um galetinho especial para o jantar!

Galeto na cerveja Kriek

A melhor forma de se temperar uma carne inteira é por imersão no tempero. Primeiro prepare o tempero. Vai precisar de vinagre branco e água em partes iguais – deve dar 1 xícara de chá, 2 colheres de sobremesa de azeite, 1 colherinha de café rasa de sal, 1 colher de sobremesa de ervas (salsinha e cebolinha), 1 dente de alho e 1 cebola pequena. Pique tudo miudinho e misture. Passe o galeto na água fervente e retire a pele, se houver. Fure-o todo com um grafo e coloque-o dentro de um saco plástico grosso. Despeje o tempero de modo a envolver toda a carne. Feche o saco bem apertado e ponha-o na geladeira marinando por cerca de 1 a 2 horas.

Corte 2 cebolas roxas em 8 partes cada (pode ser cebolinhas baby) e escolha batatinhas baby pequeninas. Se não tiver, corte batatas pequenas em cubos, mas sempre deixe-as com a casca.

Experimentei fazer esta receita com a famosa cerveja belga feita com cereja , que tem o nome de Kriek e é rosada. Foi um acerto e tanto! Se não tiver, faça com cerveja preta ou a comum mesmo.

Tome uma assadeira alta e coloque o galeto ao centro, as cebolas e batatas em volta e regue com uma garrafinha de cerveja ( 300 ml.). Coloque para assar no forno pré-aquecido a 200 graus. Quando o frango corar, retire a assadeira e vire-o. Volte ao forno e deixe corar do outro lado. Se o caldo secar, entorne água quente pelas bordas. Quando corar de novo, está pronto!

Se quiser apressar o cozimento e deixar o galeto ainda mais macio, cubra-o com laminado até ficar macio e depois retire-o para deixar o galeto corar.

Acompanhe com arroz, cuscuz ou um risotto simples.

Se estiver em Minas, faça uma farofa com manteiga, ovos e bijú de milho, hum… não há igual!

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O cordeiro de Bruxelas

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Diretamente de Bruxelas, a nova filial do nosso blog Sal & Alho.

Esta linda cidade, tradicional entreposto de comércio de alimentos desde a Idade Média, continua mundialmente famosa pelos chamados Mercados de Domingo, atraindo aos belgas pelos ótimos preços. Acontecem várias feiras ao mesmo tempo e a maior delas é na região da estação ‘Gare du Midi’, ao sul da cidade, no bairro de Saint-Gilles – de onde partem e chegam os trens com ligação internacional. A oferta variada e multi-cultural, com indiscutível predominância árabe, atrai também gente do mundo inteiro. Falam-se ali todas as línguas: francês, holandês, árabe, italiano, espanhol e até português – uma verdadeira torre de Babel! Morando na cidade desde fevereiro, tenho me divertido indo à feira aos domingos para comprar as frutas e legumes habituais da semana, além de castanhas, queijos e peixes. Normalmente, logo encho as mãos de sacolas, ficando sem condição de tirar fotos. Porém, prometo: qualquer dia vou mostrar a feira pra vocês aqui no blog.

Um dia desses, a feira já estava terminando e eu, atrasada, tentava conseguir aproveitar o que ainda estava à venda.  Deparei-me com uma barraquinha de carnes com promissoras costeletas de cordeiro. Inspirada, pedi ao vendedor algumas costeletas, já cortadas e sem osso. Para acompanhar, escolhi as tradicionais couves-de-bruxelas e batatas. Chegando em casa, tratei de preparar esta receita, de modo bem simples, chamando-a de…

O cordeiro de Bruxelas 

Para 2 pessoas você vai precisar de: 4 costeletas de cordeiro, 2 batatas médias, 10 couves-de-bruxelas, 2 colheres de sopa de pesto de manjericão, 1/2 xícara de vinho tinto, sal, alecrim e pimenta do reino.

Cerca de uma hora e meia antes da refeição, prepare um temperinho com  vinho, sal, alecrim e pimenta do reino.  Mergulhe as costeletas dentro, molhando-as bem dos dois lados. Cubra-as e deixe-as no tempero por meia hora. Enquanto isso, prepare o pesto cortando as folhinhas de manjericão e macerando-as no azeite. Cozinhe as batatas até estarem ainda um pouco duras, mas no ponto certo de cortar. (Obs.: curiosamente, as batatas daqui tem mais água e por isso já podem ser cortadas cruas, sem cozinhar). Descasque-as e corte-as em fatias bem finas, de 3 a 5 mm.

Corte 4 pedaços de papel alumínio de aproximadamente 20 x 20 cm e coloque-os sobre a bancada, com o lado brilhante para cima. Tire a carne do tempero (reservando-o para usar depois). Deite um fio de azeite em uma frigideira e deixe esquentar bem. Passe as costeletas até que corem levemente dos dois lados. Coloque sobre cada folha de laminado as peças de carne e, por cima de cada uma, uma colher cheia do pesto – ou até cobri-la totalmente. Feche os pacotes, deixando, perto da pontinha do osso,  um pouco de espaço para o ar circular.  Feche bem na parte da carne coberta com o pesto, para não deixá-lo escapar. Coloque os embrulhos no forno, já pré-aquecido a 180 graus.

Enquanto isso, na mesma frigideira que selou a carne, disponha as fatias de batata. Se precisar, acrescente mais azeite ou manteiga. Deixe até corarem e vire-as. Em outra panela, pequena e funda, coloque as couves-de-bruxelas na água, a conta de cobri-las. Assim que a água ferver, desligue o fogo e tampe a panela, até verificar que as bolinhas ficaram macias. Atenção: essas mini-couves são de sabor forte mas delicado, se cozinharem demais ficam com  cheiro e sabor ruim.

Depois de meia hora de forno, retire os pacotes e abra um pouquinho do espaço deixado na parte do osso, derrame o tempero de vinho que guardou sobre a carne e volte para o forno, ainda embrulhada. Isso impedirá que a carne fique seca. Depois de mais 15 a 20 minutos, estará pronta e macia.

Antes de servir, passe as couves-de-bruxelas na mesma frigideira das batatas para aquecê-las e tempere-as com azeite, sal e ervas.

Para montar o prato individual: disponha as batatas formando uma camada, equilibre as couves-de-bruxelas por cima e, por último, ponha as 2 peças de costeleta, uma apoiada sobre a outra.

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Coelho belga para inaugurar filial européia

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O Blog Sal com Alho está se tornando internacional de verdade! Nada mais natural ter uma segunda sede para um blog que, hoje, é acessado em mais de 90 países e curtido por quase 150 mil pessoas. Além do nosso espaço gourmet em Belo Horizonte, no Brasil, de agora em diante teremos outra cozinha experimental na Europa, em Bruxelas, capital da Bélgica. A blogueira filha mudou-se para cá e será a nossa correspondente na Europa, experimentando e postando receitas da cozinha européia, notadamente a francesa – ponto fortíssimo aqui nesta terra onde os belgas adoram cozinhar – sempre com o perfil de receitas práticas e rápidas para 1 ou 2 pessoas. Como ela prefere levar sua refeição preparada em casa para a universidade, vamos ter muitas receitas para a nossa seção MB – Marmita Business.

No início do mês de fevereiro, as blogueiras mãe e filha estiveram juntas em Bruxelas, vivendo a experiência de morar em um flat ao lado do centro histórico da cidade. Aproveitamos para mostrar, aos que nos seguem, que é possível preparar deliciosos jantarzinhos em uma mini cozinha. Veja as receitas postadas entre 4 e 9 de fevereiro.

Logo depois, já bem instaladas em um apartamento com uma bela vista da cidade, resolvemos inaugurar nossa cozinha européia com uma receita típica belga, que comemos em um ótimo restaurante dia destes e que agora experimentamos, aprovamos com louvor e passamos para vocês.

Coelho belga ao molho de legumes e cerveja

Para 2 pessoas, compre 2 coxas de coelho. Separe: ½ alho poró, ½ cenoura já aferventada, 1 tomate fresco + 1 tomate pelado bem maduro (destes de lata italianos que vendem no Brasil) ou 3 colheres de molho de tomate concentrado, 1 dente de alho, sal, pimenta do reino, molho inglês, 2 colheres de sopa de azeite. Aqui na Bélgica usamos a cerveja Leffe brune para esta receita.

Tempere a carne do coelho com sal e pimenta do reino e deixe por 1 hora no tempero.Pique o alho poró, a cenoura, o tomate fresco e o alho. Esquente 1 colher de azeite na panela, doure o alho, o alho poró, a cenoura e o tomate. Em outra panela, esquente a outra colher de azeite e doure, de um e outro lado, as coxas de coelho até ficaram coradas.

Abaixe o fogo e acrescente ½ garrafinha de 330 ml de cerveja escura. Deixe o álcool evaporar. Junte o refogado de legumes e acrescente ½ xícara de café de água fervendo. Junte o tomate pelado ou o concentrado de tomate, misture até dissolver. Tempere com 1 colher de café de molho inglês e uma pitada de pimenta do reino. Prove o sal. Assim que ferver, tampe a panela e deixe cozinhar no fogo baixo até verificar que a carne está bem macia.

Se precisar, acrescente água fervendo, aos poucos. A carne de coelho leva um pouco mais de tempo que a de frango para cozinhar e fica rosada quando pronta.

Para acompanhar, escolhemos batatinhas baby e couve de bruxelas. Ambas devem ser aferventadas em separado e depois passadas no azeite com um pouco de sal e ervas aromáticas.

Valeu a experiência, pois o coelho ficou delicioso!

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